segunda-feira, 29 de junho de 2009

Ter

As coisas me vem quando não posso te-las.
Como num acordar de um sonho na noite infinita,
ou num simples adormecer nas vezes em que te tenho no pensamento.
Sinto todo esse desespero.
Como quem tem pra falar, mas nega.
Como quem não sabe escrever o próprio nome.
Como ontem,
que passou.
Ou amanha,
que virá.
Sem ao menos desconfiar do que acontecerá.
Do que já aconteceu e eu nem notei.
De todas as coisas que aprendi e ignorei
ou que, de alguma maneira, entraram em mim sem existir.
As coisas que o tempo da a vida.
O tempo.
Ele é quem sabe o momento dela existir.
O momento do toque,
do ato,
do prazer infinito que acaba,
do alívio de te ter em meus braços.
De todos esses momentos fartos de amor e de mistério,
de ódio e clareza,
de você
e de eu.
É assim mesmo, de eu, porque de mim você já sabe de tudo.
Tudo que um dia vira pó, ou sofrimento.
Tudo que na escuridão do silêncio se ouve.
Na exatidão das horas se encaixam.
No tormento da madrugada se tem.
Se isso é ter,
é assim que te tenho.

3 comentários:

Unknown disse...

Sensacional Daniell! Transforma ém música que é sucesso! Adorei!

Cris disse...

Isso foi profundo e confuso, por um motivo, é real. Coisas que acontecem e não notamos, coisas que fazem parte de nós e nem sabemos pq.
Quanto ao momento? A vida não passa de momentos.

Anônimo disse...

Bravo!!!
Muito bom.
Não são só palavras, são verdades, e verdades são intocáveis!

Maravilhoso Daniel!