quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Fole de acordeão

Faz tempo que não existo.
Vivo no piloto automático.
Como se tudo em minha volta fosse cenário de plástico.
Como se o tempo repetisse sempre o mesmo dia, as mesmas horas, o mesmo eu.

Tudo em minha volta move. Menos eu.
Paro e assisto na minha frente.
De camarote.

As palavras que me chegam, chegam mudas, sem som.
Como se eu ouvisse o som ensurdecedor do nada.
Como atravessar no escuro.
Me jogar no nada.

Os dias passam e repasso o meu velho discurso.
O mesmo roteiro de ontem.


Essa é minha carta de desculpas para aqueles que cruzaram o meu caminho nesses últimos anos, um pedido de paciência.
Peço que repitam tudo que foi importante, pois não gravei nada, o insignificante esqueça.

Se concordei com tudo ou não, reavalie, pois com certeza não prestei atenção.

Com o tempo tudo melhora ou piora.
Tudo caminha ou estagna.
Expande ou encolhe.
Fole de acordeão.


O inseto busca a luz.
Eu, a escuridão.

Tudo vai ficar melhor...

4 comentários:

José Simonian disse...

Primeiro vou ver se consigo enviar um comentário, se tiver sucesso vou fazê-lo propriamente...

José Simonian disse...

...é claro que vai ficar melhor.
O descobrir de coisas que pensavamos ostra,e depois se mostram num evidente a nos surpreender.
Pode levar anos, e quem vai contar se deixarmos de lado.
De qualquer forma, é tempo corrido e daqui ninguém escapa.
Vai saber se não tem um monte de gente que te pegou sorrindo nesse tempo todo em que pensavas aturdido.

Rômulo Teixeira disse...

Pois é. felizmente ou infelizmente não é só você que se sente assim. Particularmente eu acho que isso acaba sendo fruto de um futuro próximo que você ainda não viveu, e sonha todos os dias em viver... é assim que eu me sinto... estando no presente e vivendo no futuro.

Anônimo disse...

"Vai saber se não tem um monte de gente que te pegou sorrindo nesse tempo todo em que pensavas aturdido."